BLOG

Naturalidade na mágica

Naturalidade na mágica
23 de Março de 2022   |  

                        Double lift. Pode ser feito de maneira simples e rápida, também pode ser executado com acrobacias. Double lift ninja? Com break? Sem break? Pincky count? São tantas variações existentes, mas faço parte do grupo de mágicos que acredita que “o mais simples e natural é melhor”. Porém, o que é natural? Quando a naturalidade cabe ou não cabe? E, além disso, a naturalidade é um padrão que vale para todos? São muitos questionamentos a serem respondidos, e é exatamente sobre isso que se trata o texto de hoje.


 LEIA TAMBÉM: "TEMPO DE QUALIDADE"


                        Muito se discute sobre o conceito de naturalidade na mágica, não vamos elucidar uma resposta com este breve texto, a proposta é gerar mais dúvidas do que respostas. Afinal, acredito que este conceito é muito individual, pode sim existir uma “regra” que paira sobre a arte como um todo, mas depende muito do estilo de cada artista.


 


                        No exemplo da introdução, utilizamos um double lift, técnica já conhecida por todos os mágicos. Você provavelmente já viu umas dez maneiras diferentes de se executar essa técnica tão primordial da cartomagia. Após anos com baralho em minhas mãos, tomei como certeza que - para mim - o melhor double lift é o mais simples possível. Utilizo o pincky count e uma técnica que gera vácuo entre as cartas e faz com que elas colem uma na outra. Aprendi isso há pouco tempo, um grande amigo francês que me ensinou, ele aprendeu na escola com Dominique Duvivier. Mas antes disso, já fiz diversos doubles, com piruetas à la David Blaine, algo mais próximo do estilo de Henry Evans também já foi executado.


 


                        A mudança ocorreu, pois, percebi que naturalidade, dentro do meu estilo de mágica, estava ligada a algo mais simples e lento. O que quero dizer com isso? Talvez, para o mágico mais acrobático, a naturalidade não esteja em movimentos tão simplistas. Ora, se tudo que cabe em seu estilo é bem desenvolvido e chamativo, não seria natural apenas o double ser simples e lento. Entenda que a naturalidade está ligada ao conjunto, ao todo de sua performance mágica.


 


                        É plausível que você segure um baralho diferente de uma pessoa “normal”, você trabalha com isso, passa o dia com o baralho na mão. Com o tempo, a sua pegada e movimentos serão diferentes. Assim como um músico segura o seu instrumento de trabalho de maneira mais confortável que um leigo. O que é necessário, é que os movimentos sejam fluidos.


 


                        Gostaria de trazer este conceito, fluidez. Talvez, apenas talvez, o mais natural seja aquilo que é fluido dentro da sua rotina. Se você faz movimentos lentos e embaralhadas simples, para manter a fluidez será necessário seguir neste mesmo caminho, ficará muito estranho se repentinamente você executar um turnover pass.


 


                        Se a melhor maneira de executar cartomagia é sendo “simples e lento”, como já dizia René Lavand, são outros quinhentos e outro assunto. Você pode, e deve, descobrir o seu estilo e a sua maneira. Entretanto, buscar uma maior naturalidade é parte imprescindível do trabalho de um mágico. Se há confusão, se há dúvida nos movimentos, não há mágica. Tudo precisa ser limpo, natural e fluido.


 


                        A fluidez está ligada a naturalidade dos SEUS movimentos. Entender que o primeiro passo é se descobrir, ajudará muito para que sua naturalidade seja evoluída e trabalhada. Como já disse o Professor “Be natural and use your head”.


 


-João Victor Biolchi



Compartilhe



CADASTRE-SE


Faça sua assinatura e tenha acesso a todo nosso Acervo Mágico.