A literatura mágica no Brasil, deu seus primeiros passos somente no século passado. Frederico Carlos da Costa Brito foi quem iniciou a divulgação da mágica teatral, publicando, em 1903, um interessante trabalho de sua autoria intitulado “Revelações de Magia Moderna”. Brito baseou seus ensinamentos nos princípios de Herrmann, o célebre ilusionista precursor da escola moderna de mágica sem aparelhos. 

Antes dele, porém, já existiam obras escritas e publicadas no Brasil, como os livros do Gaston Roberts, que fez traduções dos livros do Henri Descremps, “As Sortes de Cartas Antigas e Modernas”, “As Sortes de Physica Recreativa” e “Curiosas e divertidas sortes de Prestidigitação” todos de 1893.

Antes ainda, Curvello D’ávila publicou “Segredos da Magia Branca”, em 1873 e chegamos ao primeiro livro escrito e publicado no Brasil, “O Mágico Aparente”, de autoria de Henrique Velloso de Oliveira, em 1852.

Mas o livro de mágica mais antigo publicado no país foi mesmo “O Pellotiqueiro Desmascarado”, compilado por T. Danton em 1791, a partir de publicações europeias.

Vale lembrar que nesse tempo, o número de adeptos da arte mágica era bastante reduzido, devido à falta de livros e outras publicações, em português, para a difusão cultural da mágica. 

Bem mais tarde, J. Peixoto, iniciou, em 1920, uma grande campanha de artigos mágicos, depois de fundar e presidir o "Círculo Mágico Internacional", informando o que de melhor surgia no mundo da ilusão em aparelhos e ensinamentos.

Publicou durante 4 anos o "Boletim Mágico" (1921 a 1925), revista que é uma verdadeira enciclopédia de conhecimentos mágicos, em que registrou a biografia dos maiores mágicos da época e uma variedade enorme de efeitos. Mais tarde, compilou e publicou diversos livros, entre eles "Curso Prático de Prestidigitação e ilusionismo", “Tratado Completo de Prestidigitação e Ilusionismo" e "Truques de Magia Selecionados". Este último, Peixoto não chegou a ver publicado, tendo falecido pouco antes da obra ser lançada, em  1946, deixando um legado na mágica brasileira, para o bem ou para o mal.

Depois dele, vieram outros autores e obras nacionais, como Adolf Weisigk, com "Truques e Ilusões" e "Manual do Prestidigitador; Irmãos Aronak, "Segredos da Magia"; Ricardo Arruda, "Arte de Roubar no Jogo"; Correia Pereira, "A Prestidigitação Revelada" e em 1949 o Prof. Aronak com seu clássico "O Mágico das Salas". 

Ainda não estaria completa esta resenha sem citar a coleção “Os Valetes”, do Markan, obra que iniciou várias gerações de mágicos brasileiros na cartomagia e a coleção “Arte Mágica”, do Morgado, ambas com papel protagonista para a difusão do ilusionismo no Brasil.

Já no século 21, a literatura mágica brasileira deixa de ser instrucional e passa a ser mais filosófica e teórica, com o aparecimento do livro “A Arte Mágica: A Percepção em Perspectiva”, de Guilherme Ávila, que apresenta um compilado sobre teorias mágicas. “Cartosophia”, de Fábio De’Rose, traz uma coletânea de reflexões, ideias e pensamentos sobre a execução de efeitos mágicos com cartas.

Ricardo Harada nos apresenta duas obras fundamentais para a formação do pensamento mágico contemporâneo: “Escamoteur”, em que apresenta um estudo sobre cone e bola, e “A Tentativa do Impossível”, que fala sobre a mistura de mágica e teatro, além de narrar, cientificamente, a história do ilusionismo.

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Com exceção de “Varone Além do Tempo”, de Fernando Ás, que resgata a memória desse importante mágico brasileiro, “As Misteriosas Cartas ESP”, de Wilson Santos, e o “O Grande Livro do Mentalismo e da Magia Mental”, compilado por Tiago Silva e lançado este ano, para deleite da comunidade mágica nacional,

infelizmente, nada mais apareceu na literatura mágica brasileira que merecesse destaque, dos anos 2000 para cá.

Algumas das obras citadas neste texto estão disponíveis para leitura e pesquisa em nosso Acervo Mágico, como a coleção “Os Valetes” e “Arte Mágica”, que estamos publicando semanalmente na plataforma. Descubra a mágica desses livros antigos usando nossa ferramenta de pesquisa.