Comédia e mágica. Dois gêneros, duas artes, duas formas de se expressar. A história da mágica, se entrelaça com a história do mundo e, consequentemente, com a história da comédia. Tenho a teoria de que toda arte, em algum ponto, se toca e se junta, agrupa ou mescla. Com a mágica e a comédia não seria diferente. Estamos acostumados com o mágico sério, misterioso e charmoso, mas cada dia mais, é possível encontrar mágicos cômicos. Isso é novo? Definitivamente não.

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                               Como já foi dito, tanto a mágica quando a comédia são maneiras de expressar algo, e arte é exatamente isso: buscar um meio para transmitir aquilo que se sente. Mas se engana quem acredita que essas duas maneiras de se comunicar estão juntas há pouco tempo. Antes mesmo do sucesso do Stand Up Comedy, já haviam mágicos de rua, jograis, que trabalhavam a comicidade de maneira impecável.

                               A história da mágica está repleta de grandiosos nomes que buscavam no riso uma maneira de potencializar ainda mais a sua mágica. Carl Ballantine, por exemplo, tinha seu jeito único de fazer comédia, quase um “não mágico”, algo próximo dos Trapalhões. Se perguntássemos para um Mágico e comediante qual a sua arte favorita, tenho certeza que muitos não conseguiriam responder.

                               A paixão pelo que se faz é tão grande, que não existe mais separação entre pensar uma mágica e pensar na comicidade que aquilo pode trazer. Poderíamos elucidar se tal fato ocorre por conta da persona, do costume ou qualquer outra coisa, não faz diferença. O ponto é: mágicos que trazem essa junção em suas veias, são únicos e pensam quase que dobrado.

                               Não pense que estou exaltando e colocando um degrau acima os mágicos comediantes. Em hipótese alguma acredito que exista diferença no esforço e no talento de quem, por exemplo, faz um texto mais dramático, como Derek DelGaudio, ou quem faz uma apresentação mais engraçada. Tanto uma quanto a outra, possui suas próprias particularidades e dificuldades.

                               Contudo, existe algo peculiar na mágica cômica. Escrever uma piada é algo tão difícil quanto aprender um ‘center deal’, diria que é até mais difícil, talvez por isso existam tantas cópias nesse mundo. E esse talvez seja o maior erro na mágica cômica. Quando se copia, você perde o principal sentimento que essa arte pode trazer. Apenas algo que é seu, pode dar aquele verdadeiro “tesão” no palco. Acreditem, já passei pelas duas sensações e, sem sombra de dúvidas, quando as pessoas dão risada e ainda se chocam com a mágica, esse é o melhor momento da vida de um artista. Aquele pequeno momento de apenas alguns segundos, é absurdamente prazeroso e único.

                               O Stand Up fez a mágica e a comédia se unirem ainda mais. De Judy Carter a Ben Ludmer, de Mac King a Penn e Teller, não existe pessoa nesse mundo que não iria amar ver um show que junta essas duas expressões artísticas. Às vezes, no decorrer da história, aparecem alguns fenômenos, fenômenos estes que são bem mais que um ponto fora da curva.

                               Na mágica e na comédia, nós temos vários destes fenômenos, mas em especial existe um nome que sempre será lembrado por todos que estudam essa arte. Estou falando de John Edward Szeles, talvez você o conheça pelo seu nome artístico, o grande, o fabuloso “The Amazing Johnathan”. Um mágico sem igual. Uma junção que beira a loucura, tão estravagante, tão irreverente e nonsense, que é inconfundível. The Amazing Johnathan, foi e sempre será um ícone, um ídolo e uma referência para todos os mágicos.

                               Esse breve texto, é uma homenagem em memória de John Edward Szeles, após uma longa batalha, ele deixou o mundo na noite de 22/02/2022. Um herói, um mágico, um comediante. Viva The Amazing Johnathan!

 -João Victor Biolchi