A redundância é quase que certeira, mas precisamos falar novamente sobre como o mundo de hoje está tão acelerado e cada vez nos cobra mais produção do que qualidade. A necessidade de postar vídeos, de mudar as rotinas e toda noite ter algo novo, isso não é saudável, nem para você e nem para a arte.

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                              Tudo está acelerado, o modo de vida atual nos faz pensar que tudo tem que ser para ontem, e entre esse “ontem” e a ansiedade pelo “amanhã”, não estamos aproveitando o presente. A mágica vem sofrendo muito com essa produção exacerbada, é claro que muita coisa boa também surgiu, mas isso é exceção à regra. É impossível produzir tanta cosia e tudo sair bem feito, ainda mais na “era dos 30 segundos”.

                              Como é possível nos enganarmos tanto a ponto de acreditar que um efeito vai ficar bonito se você treinou ele poucas vezes? É matemática básica, não tem como em tão pouco tempo você produzir um material artisticamente bom para postar, isso não é justo com você e nem com a arte. “Ah, mas fulano faz isso e é muito bom”, sim, existem pessoas que produzem coisas boas, mas se aquela produção fosse mais elaborada e tivesse mais tempo, certamente ficaria melhor. Uma boa mágica é igual um vinho, precisa de tempo para maturar, e quanto maior for o tempo de estudo e treino, mais “saborosa” ela fica.

                              Um outro ponto a se analisar, é a realidade de cada um. Não está fácil ser brasileiro, não da para se comparar com ninguém, muito menos com alguém que vive uma vida mais tranquila que a sua, é claro que o tempo de estudo de alguém que pode se preocupar apenas com a mágica, é melhor aproveitado do que o tempo de quem tem contas, outro trabalho, crise financeira, etc.

                              O ponto-chave deste texto é colocar em pauta o tempo de estudo que estamos tendo. Um bom ato mágico, leva anos para ser aprimorado, August Roterberg não criou “Multiplying Billiard Balls” em dois dias, Robert-Houdin não fez “Second sight” em uma semana, tão pouco William Seven criou o ato “A maçã” em alguns dias. É necessário tempo para que o artista possa notar onde há falhas e onde cada detalhe pode ser lapidado.

                              É compreensível que hoje pareça “fundamental” utilizar as mídias sociais, é muito difícil vender um show sem um bom marketing digital. Contudo, deve-se buscar um meio-termo entre aquilo que produzimos para um TikTok, e aquilo que você pode realmente criar e aprimorar se aproveitar melhor o seu tempo.

                              Maturação é a chave de toda boa obra. A vida é efêmera e é evidente que queremos alcançar muitas coisas com o menor tempo possível, mas infelizmente (ou não) a arte nos pede tempo para evoluir.

-João Victor Biolchi