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Carta na manga

Carta na manga
20 de Outubro de 2021   |  

 


Sempre tenha uma carta na manga. Você que é mágico, já deve ter ouvido e falado muito essa expressão usual “carta na manga”, olhando mais de perto, podemos dizer que ela segue vários sentidos. O mais abstrato, pode se referir ao fato de sempre estar preparado. O mais concreto, pode falar sobre o universo gambling e do escamoteio em geral. Hoje vamos falar sobre a importância de sempre (ou quase) ter uma carta na manga.



Você provavelmente já assistiu à entrevista que o grande David Copperfield, concedeu à Jô Soares, em seu programa do SBT “Jô Soares Onze e Meia”, na longínqua data de 24 de abril de 1990. A entrevista é interessante, mas quero pontuar algo infeliz que acontece no decorrer do bate-papo.



Em certo momento, Jô Soares pede que Copperfield demonstre um pequeno efeito de mágica. Porém, David não tinha nada preparado e também não quis se arriscar fazendo algo “impromptu”. De maneira alguma quero colocar em xeque a grandiosidade de David, na época ele já era um grande mágico, e tudo bem se não tinha nada para mostrar, ou se não queria. Mas é evidente que a situação causa um certo desconforto. Jô Soares, como um ótimo apresentador, já leva a conversa para outro caminho e fica tudo bem.



O ponto é, existe um desconforto na plateia quando o artista se recusa a fazer um efeito, seja ela um auditório ou apenas algumas pessoas. É necessário frisar que sua mágica é seu trabalho, sua arte é sua vida, você não precisa entregar de graça a todo momento. Dito isso, agora vamos olhar com as lentes do espectador. 



É evidente que algo é quebrado quando não correspondemos à expectativa de alguém. Se a pessoa solicitou, é porquê de fato ela gostaria de vivenciar essa experiência. Você pode ser um mágico gentil e educadamente não fazer nada, ou pode ser igualmente gentil e demonstrar um pequeno efeito.



Se você pretende seguir o segundo caminho, de executar algo e corresponder às expectativas da pessoa, é interessante que você estude pequenos efeitos, algo que possa ser executado sem preparação. A lista é enorme, desde manipulação, pequenos efeitos de close up com pertences da pessoa, algum efeito de mentalismo, entre várias outras opções.



Em face de tudo que foi dito, é uma questão ambígua. O artista merece seu momento de descanso sem ter que pensar em mágica. Entretanto, no momento em que algo for solicitado, ele pode ter vontade de fazer um efeito. É aí que devemos ter ... uma carta na manga.


-João Victor Biolchi


 



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