Muito provavelmente você já ouviu essa expressão “a mágica é rainha de todas as artes”. Acredito que exista algo muito problemático nessa sentença. Vários fatores me levam a crer que essa frase perpetua algo completamente equivocado em relação ao mundo da mágica. Ficou curioso? Esse é o tema do texto de hoje.

Esse termo é utilizado há muito tempo. Já ouvi tantos mágicos falando essa frase, que talvez tenha escutado isso, mais vezes que assistido a própria “Neve Chinesa”. Mas tudo bem, é a nossa arte, faz sentido querer exaltá-la, correto? Erradíssimo. Esses dizeres são, antes de tudo, completamente arrogantes e prepotentes. Eu sei, é complicado falar sobre isso, talvez alguns colegas se sintam incomodados, mas o ponto é, existe uma problemática aqui.

Arte é arte, você pode gostar ou não, pode procurar a que lhe agrada, pode tentar qualificar, seja com base em Gombrich ou Jorge Coli, mas arte é arte. Tentar sobrepor uma delas, mostra como a petulância, pode ser completamente destrutiva e isoladora. Seja na mágica, música ou teatro, todas essas expressões possuem camadas complexas, dizer que uma é melhor, pois ela pode reunir as outras, é apenas uma falácia de autoafirmação.

Infelizmente, esse tipo de pensamento, faz com que jovens mágicos acreditem estar dentro de um universo onde se sintam completamente especiais e que fazem algo muito fora desse mundo. A realidade é mais dura que isso, não existe diferença entre o mágico e ator, entre o mágico e o pintor. Não importa o meio, ambos estão buscando uma maneira de se expressar artisticamente.

De maneira alguma quero ferir o ego dos mágicos que acreditam que sua arte é superior, até porquê, se ele acredita nisso, atingir esse ego vai ser muito difícil. O intuito é criar uma provocação, não somos melhores ou piores, todos que vivem e buscam se expressar pela arte, são artistas. 

João Victor Biolchi