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O foco é outro.

O foco é outro.
15 de Junho de 2022   |  

                        Existem várias vertentes dentro da arte mágica, mentalismo, cartomagia, palco, close-up e muitas outras. Ao longo da história, podemos perceber que o estilo que mais teve evidência, sempre seguiu um padrão sazonal, ou seja, um estilo ficou famoso por anos ou séculos, depois veio outro e ganhou o seu espaço, e assim vai. Há algumas décadas, David Copperfield, encantava o mundo com suas grandes ilusões. Hoje, podemos ver o close-up ficando cada vez mais famoso, mas uma coisa divide os mágicos desde os primórdios dos tempos: gimmicks ou sleight of hand. Que saber mais sobre isso? Acompanha o texto de hoje.


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                        Há alguns dias, tive uma conversa com um amigo mágico. Falávamos sobre o puritanismo que existe na mente de alguns ilusionistas sobre a utilização de gimmicks. Pessoas que acreditam que possuem um valor maior, simplesmente pelo fato de que não utilizam “equipamentos”. Esse pensamento é tão atrasado quanto o seu antagonista.


                        Sim, existe também o pensamento que vai de encontro com esse, porém, com sentido e direção contrários. Há em 2022, mágicos que só vivem de gimmicks e não são capazes de executar um simples DL. Os dois tipos de ilusionistas trazem a certeza de que estão corretos e que mágica se faz “assim ou assado”.


                        Eu tenho a sensação que esses questionamentos estão travados no tempo. No século passado, o Grande Kellar, já era criticado por seu contemporâneo Herrmann. Herrmann dizia que Kellar tinha pouca habilidade com as mãos. Pode até ser verdade, mas não podemos negar que Kellar foi um grande artista.


                        Acredito que o ponto seja aproveitar a tecnologia de seu tempo, utilizando equipamentos quando lhe convém. E sempre estar melhorando suas habilidades manuais. Mas sabe no que mais eu acredito? Que cada um pode e deve fazer mágica como bem entender!


                        Se ficarmos presos na mecânica do efeito, se ele é executado com gimmicks ou não, podemos esquecer da parte principal de uma mágica, algo que vai muito além da mecânica, aquilo que de fato transforma o “truque” em arte. A mecânica precisa ser invisível, seja qual for a sua escolha, a mágica só existe se o método for oculto. Agora qual vai ser o método escolhido? Acredito que não importa.


                        Sejamos honestos, é lindo ver alguém dominar passes apoteóticos. Mas, entre ver um show com muito sleight of hand e pouca demonstração de arte e de mágica, eu prefiro ver uma hora de gimmicks em ação, com um texto e espetáculo bem produzido, que também demandam muito treino e destreza do mágico. Temos que nos apegar mais aos sentimentos que utilizamos para criar uma rotina, estamos presos em discussões que falam sobre mecânica, mas não falam de arte, de expressão.


-João Victor Biolchi



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