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Dos males, o maior.

Dos males, o maior.
18 de Maio de 2022   |  

 


                       No texto de hoje, vamos abordar um tema delicado. Até onde vai a inspiração e onde começa a cópia? Era para ser simples, mas parece que não está sendo. Não estamos falando do jovem ilusionista que começou agora, esse sim, é compreensível que ainda se pareça com aqueles que o inspiram, demora um certo tempo para que cada um tenha sua própria essência. O grande problema, é que existem artistas que estão acomodados e simplesmente copiam tudo, literalmente tudo.


 
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                              É evidente que vários artistas executam os mesmos números em suas apresentações. Quase impossível encontrar um closapista que não faça “Carta Ambiciosa” em seu show, um mágico infantil que não faz “Fita na Boca” ou “Neve Chinesa”. Tudo bem executar os mesmos efeitos, nisso não existe nada de contraditório. O grande problema se dá, no texto, nas gags, piadas e histórias que levam para o palco.


 


                              E por que esse assunto seria a “pior coisa” possível? Pelo simples fato de que, a cópia torna o show do plagiador mais fraco, e prejudica a artista que criou aquele texto, além é claro de deixar a cena mágica mais fria e complica de trabalhar.


 


                              Imagine que você foi em um show de mágica na semana passada, um artista contou histórias engraçadíssimas, coisas que realmente o tocaram e você saiu do show pensando naquilo. Na semana seguinte, você vai em outro espetáculo. Lá o mágico conta as mesmas histórias, mas para você não é tão forte, pois, você já conhece o desfecho e cada detalhe do texto. Seria bem chato e pacato assistir novamente essa apresentação, não é? Mas seria muito pior se, na verdade, o primeiro mágico que você viu, fosse a cópia, e o segundo seria o verdadeiro criador daquele texto.


 


                              Percebem o quão trágico é, para a plateia e para o artista, passar por uma situação dessas? É muita irresponsabilidade, pegar uma história que você se quer tem ligação, seja com a verdade factual do ocorrido, ou com a grandeza da criatividade em escrever aquelas palavras, e colocar isso em sua apresentação como se a autoria lhe pertencesse.


 


                              Não vou entrar no mérito do mau-caratismo, da incompetência e do caradurismo em sua face mais ampla. Vamos imaginar que todos são pessoas de bem, que não fazem por maldade. Mesmo que fosse assim, ainda seria completamente errado e equivocado defender que tais cópias existissem. Na mágica precisa haver conexão, é impossível entregar algo verdadeiro, quando o público já tem a sensação de conhecer toda a história.


 


                              Pode parecer loucura, mas se a pessoa conhecer o método, ela ainda pode aproveitar o show se houver uma conexão com a história. Porém, se a narrativa já for batida, a identidade do artista estará perdida e tudo ficará artificial. A súplica final é: parem de dizer que esse efeito foi do seu Bisavô, que passou para o seu Avô, que passou para o seu Pai, e que seu Pai te vendeu; ou que você foi eleito o melhor mágico do ano pela... sua mãe; mas principalmente, PARE DE DIZER QUE SEU SONHO DE CRIANÇA ERA CONHECER A NEVE. A verdadeira arte, precisa vir de dentro, não é possível evoluir se continuarmos utilizando o texto que já vem pronto quando compramos uma mágica.


- João Victor Biolchi



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